domingo, 26 de dezembro de 2010

Artigo do Ubine!

Que venha 2011!

Correios

Um balanço necessário para desafios novos

Nos últimos anos temos assistido o declínio de nossa empresa. O prestigio acumulado durante anos de trabalho duro tem sido jogado no lixo de forma avassaladora pela política inconseqüente da direção de empresa, principalmente dos ex-diretores que vieram de fora da casa. Porém, não eximo a responsabilidade dos diretores da casa, pois, como sabemos a Direção é colegiada.

Um jogo de interesses e de vaidades colocou a ECT em rota de colisão com o interesse público. O povo espera do Correios uma prestação de serviços adequada em todo Brasil. Ainda que a população defenda a ECT pública, isto somente se mantém se o Correios cumprir sua missão de prestar serviços postais de qualidade em todo o território nacional. Infelizmente não estamos atendendo a população com o respeito que ela merece. O desgoverno na ECT precede a crise atual e se desenvolve durante todo o governo Lula. Basta lembrar a greve de 21 dias em 2008, onde um ministro de estado assinou com o presidente da empresa, aos olhos do Presidente da República, um acordo com os trabalhadores e depois não queria cumprir. Aquele episódio já era o prenúncio do caos que a ECT viria a ser acometida.(Leia o artigo inteiro)As brigas na direção da empresa eram freqüentes, cada vez mais se chocavam, presidente e diretor de recursos humanos. A disputa acerca do concurso público expôs a ECT às mais duras perdas, associado a isto a implantação do PDI( PROGRAMA DE DEMISSÃO INCENTIVADA). A presidência e a diretoria de recursos humanos travaram verdadeira batalha sobre este tema. Diga-se de passagem, a mudança centralizando o concurso em Brasília foi a pior decisão que a gestão poderia tomar. Mudaram o que funcionava bem, colocando todo o processo de contratação de novos funcionários em risco.
Estima-se que hoje a ECT necessite de, no mínimo, 25 mil trabalhadores para tocar de forma descente os serviços postais. Ao invés disso, tivemos o edital cancelado, e novo edital para abrir inscrições em janeiro, com previsão de contratação para junho de 2011.
O processo de licitação para franqueados demonstra outra incapacidade da ECT em resolver a questão. Estes por sua vez continuam a ter grande lobby em Brasília, percorrendo os gabinetes parlamentares em busca de melhores vantagens contratuais. A indefinição neste processo colocou uma força tarefa da ECT para preparar a substituição, mas na hora “H” um recuo, sabe lá a qual interesse.
Seria cômico se não fosse trágico. Mais uma vez os Correios entram na disputa eleitoral de 2010, como estatal problema. Já em 2006, o episódio do mensalão, com a CPI dos Correios, foi motivo de debates acirrados.

Novo Governo, e agora José?

O novo governo que tomará posse em 01 de janeiro de 2011 escalou para as comunicações o antigo ministro do planejamento, Paulo Bernardo(PT). Paulo Bernardo foi deputado pelo Paraná, participou do Governo Lula, sendo no final do mandato um dos ministros mais prestigiados.
Paulo Bernardo tem a fama de “Bad Boy” no Ministério do Planejamento, bom soldado que é, foi escalado por Dilma para tocar projetos polêmicos como o plano de banda larga, a discussão sobre a regulamentação dos meios de comunicações e colocar “ordem” na bagunça dos Correios.
Pela primeira vez após 8 anos de governo do PT, o partido resolve tomar para si o ministério das comunicações. Cabe lembrar que ainda no primeiro mandato do presidente Lula o ministério foi concedido à base aliada como moeda de troca por apoio político. O PDT chefiou o ministério com Miro Teixeira, e após isto o PMDB tomou conta, com Eunicio de Oliveira e depois com Hélio Costa. É emblemática a tomada de controle do ministério das comunicações pelo PT. Principalmente se analisarmos que a troca feita foi, a principio, “pior” para o PT. O partido cedeu o poderoso ministério da previdência social para o PMDB como troca. Falta saber se o Ministério das Comunicações será de porta fechada ou não, se o PT nomeará todos os cargos a ele subordinados.

2011 um ano que promete

Os desafios de 2011 não são poucos. Teremos o imbróglio do concurso público, a retomada da licitação das franquias, a renovação do contrato do Banco Postal, a retomada da campanha de negociação salarial, e teremos que enfrentar o desafio de “modernização” dos Correios.
A palavra modernização pode significar muitas coisas. O que é modernização para o capital necessariamente não é modernização para os trabalhadores. Por exemplo: a introdução de maquinas potentes de triagem, terceirização, etc., pode elevar o grau de produtividade da empresa, elevando sua competitividade, mas por outro lado, leva à dispensa de milhares de trabalhadores como estamos assistindo no Canadá. Para a gestão isto aumenta ganhos, para os trabalhadores precariza as condições de trabalho.
O fato é que o Ministro Paulo Bernardo participou do projeto de reestruturação da ECT, que está, por hora, engavetado. Como sabemos, a presidente Dilma era presidente do conselho de Administração da Petrobrás, e durante todo o tempo defendeu a Petrobrás pública. Mas convenhamos, muita gente da iniciativa privada ganha muita grana com a Petrobrás com a aquisição de ações da empresa.
O modelo adotado no mundo inteiro para privatização de Correios - ainda que digam que o governo controla a maioria das ações como ocorre na Alemanha onde 36% delas estão nas mãos do governo - é a pulverização das ações no mercado, a introdução de subsidiária e a internacionalização dos correios.
Por falar em sociedade anônima, me lembro de quando tive uma reunião com o ministro Palocci em Ribeirão Preto, quando o mesmo era Deputado Federal e estávamos em processo de defesa dos Correios nos ataques de FHC. Palocci disse que defendia que as empresas públicas como os correios fossem de capital aberto com controle do governo, como ele havia feito com a CETERP(Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto) na oportunidade em que foi prefeito. Naquele momento relatei ao então Deputado Palocci que discordava porque em um passo seguinte o governo posterior, do PSDB, na cidade privatizou o restante, sendo que a abertura de capital representa a abertura de portas para a privatização. Pode ser que o novo ministro da casa civil tenha mudado de opinião, ou que a presidente Dilma não compartilhe com esta idéia, mas é bom se precaver e não abaixar a guarda.
Não tenho dúvida que o correio sofrerá mudanças, aliás, precisamos de mudanças, a empresa não suporta mais este modelo de gestão que a afunda dia a dia. Mas nem todas as mudanças podem ser boas para os trabalhadores, aí que vem a necessidade de se preparar para a guerra. Temos que disputar nossas posições no governo e na sociedade. Denunciar qualquer tentativa que coloque em risco nossa empresa pública e apoiar qualquer iniciativa de retomada da qualidade operacional e que traga de fato a empresa para a prestação de serviços social e universal. Os trabalhadores, sindicatos e a Federação deverão estar atentos. 2011, um ano que promete.

ROGÉRIO UBINE
Vice-presidente do Comitê postal UNI-AMÉRICAS
Secretário de Relações Internacionais da FENTECT
Conselheiro do Postalis.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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